Tradicional restaurante do Barreiro, Celeiro de Minas, não resiste à pandemia e encerra atividades
Após mais de 20 anos prestando serviços na região, estabelecimento fecha as portas
Quando o assunto é restaurante, comida mineira e churrasco, há mais de 20 anos, o Celeiro de Minas é uma das principais referências para os moradores do Barreiro. No entanto, o restaurante não resistiu à instabilidade ocasionada pela pandemia e fechou as portas. Pelas redes sociais, no dia 10 de março, o estabelecimento emitiu um comunicado anunciando o encerramento das atividades.
O Celeiro prestou serviços no Barreiro por mais de 20 anos. Localizado na Avenida Sinfrônio Brochado, uma das avenidas mais movimentadas da região, o estabelecimento ocupava um quarteirão inteiro. Em nota, o restaurante declarou que o setor gastronômico está sendo prejudicado com “instabilidades comerciais, que não mais asseguram a permanência daqueles que assumem responsabilidades em sua grandeza, se tornando insustentável com o abre e fecha de segmentos ‘não essenciais’ “.
O pronunciamento, porém, não indica um fechamento definitivo. Ao fim do texto, o celeiro aponta um possível “até breve” e cita que usará o momento como “um intervalo de trabalhos” para que possa se reorganizar e retornar “com adequações comerciais, de um tempo que nos desafia às transformações”.
Em entrevista ao BHZOOM, a proprietária do estabelecimento, Erika Monteiro, esclareceu que não há possibilidade de o Celeiro retornar às atividades com o mesmo formato de antes. Ela afirma que, futuramente, a empresa continuará atuando no Barreiro, mas que pretende “se adequar ao mercado de comércio de varejo e atacado”.
Além disso, já com relação ao terreno que o Celeiro deixará de ocupar, Erika informou que o espaço é de total responsabilidade dos proprietários do terreno, que não tem nenhuma relação com os empreendedores do Celeiro. Ela, porém, acredita que “algo grandioso está reservado para aquele quarteirão”.
Marilda Alves, 49 anos, moradora do Barreiro desde a infância e cliente do Celeiro há mais de cinco anos, lamenta o fechamento do restaurante e considera que o acontecimento é muito marcante para os moradores da região. “Fico muito triste. o Celeiro é referência, todo mundo conhece[…] vou lá há muito tempo, foram vários encontros que aconteceram lá, e a comida é muito gostosa. Na pandemia, pedia delivery direto. É estranho pensar que o restaurante vai fechar”, destaca Marilda.
Nas redes sociais, nos comentários do comunicado de fechamento, alguns músicos que já se apresentaram no Celeiro também lamentaram e agradeceram pelas oportunidades que tiveram no estabelecimento. “Deixo aqui o meu abraço a todos do Celeiro de Minas que deram oportunidade a minha arte de cantar e celebrar a vida no palco do Celeiro”, agradeceu um músico.
Decisão
Na entrevista, Erika Monteiro disse, também, que a decisão de encerrar as atividades já vinha sendo pensada antes do último fechamento do comércio não essencial, que ocorreu no dia seis de março. Ela explica que o restaurante já enfrentava problemas financeiros desde março do ano passado, mas que as expectativas para 2021 pioraram após o fechamento do dia 11 de janeiro.
“As razões não foram imediatas, muitas questões com o alto custo de operação já estavam afetadas desde março de 2020. Problemas são proporcionais ao tamanho do negócio, e, desde a implantação de protocolos de distanciamento, o restaurante sofria com restrições de faturamento. A esperança de retomada sempre existiu, mas, desde o fechamento em 11/01, as projeções para o novo ano ficaram claras que não seriam favoráveis”, conta Erika.
Por fim, a empresária considera que, durante a pandemia, houve, sim, falta de amparo do poder público aos estabelecimentos considerados não essenciais. Ela, no entanto, ressalta que a responsabilidade de criar medidas de auxílio que gerem confiança aos empresários não é apenas da prefeitura e critica, principalmente, a atuação do governo federal na pandemia.
“Falta de amparo existe, sim, mas não apenas de âmbito municipal. Temos um governo federal que nunca apresentou planos de apoio ao empresariado pequeno e médio, nunca gerou confiança no enfrentamento da pandemia, e muito menos das consequências que ela provoca”, frisa Erika.