Crédito foto/ Arquivo Pessoal

Nascida e criada no Barreiro, em Belo Horizonte, Ana Clara Parreiras, 19, podia ser mais uma jovem dessa região que participa de eventos de grupos de jovens da igreja, curte ir aos eventos que lá acontecem e que sonha em ser jornalista, curso em que hoje é caloura. Mas aos 12 anos, ao ler o livro da Paula Pimenta, “Fazendo meu filme”, ela tornou-se uma pessoa diferente, das demais destacando-se por ter se encantado elos livros. A leitura, que era um hábito de sua mãe, tornou-se uma paixão da adolescente. Ao falar dos livros que lia dentro de casa acabou influenciando o pai e o irmão a lerem mais. Mas essa vontade de contar para o mundo as emoções, os aprendizados, o prazer pela leitura cresceu. Então, surgiu o @cacauleitura, página do Instagram onde ela compartilha suas impressões sobre as obras que lê, publicando resenhas. Além da alegria de ver os amigos do Barreiro deixarem suas impressões sobre as resenhas que publica; a página tornou-se um divisor de água na vida da estudante! “Tive a oportunidade de conhecer e aprender várias pessoas que pelo meu Instagram, estou estimulando outras pessoas a abraçarem este universo tão especial: os mundos, as pessoas e histórias que tornam os livros um espaço de viagens maravilhosas!

Classificação:

⭐ – Ruim!

⭐⭐ – Razoável!

⭐⭐⭐ – Bom!

⭐⭐⭐⭐ – Muito bom!

⭐⭐⭐⭐⭐- Excelente! 5

Capitães de Areia reúne denúncia social à beleza dos sonhos de infância

Crédito de foto/Reprodução da capa do livro

Capitães da Areia é um livro singular! É um dos clássicos nacionais mais fantásticos que existem, na minha opinião.  Jorge Amado, que foi um dos imortais da Academia Brasileira de Letras, escreveu um enredo com personagens e falas inesquecíveis. É uma obra que mostra os sonhos, o amor, a amizade, e companheirismo que marcam a infância. Mas ao mesmo tempo, como é característica deste escritor, este clássico tem como tema central a miséria e o abandono a que são submetidos meninos e meninas em situação de rua, nas ruas de Salvador, Bahia.

Tal contraste faz com que seja impossível não se envolver com cada um dos personagens, com cada característica singular que os torna tão reais e atemporais. É um livro que sempre terá o seu lugar na sociedade e na literatura brasileira!

Como é característica de Jorge Amado, a obra traz várias especificidades da literatura regional que marca a segunda fase do Modernismo Brasileiro, mostrando o heroísmo cotidiano de personagens marginalizados, um tipo de heroísmo que não tão visível.  Com o tema centrado na miséria dos meninos em situação de rua, vivenciada por um grupo de crianças e pré-adolescentes , que vivem se abrigam em um trapiche (espécie de armazém, no caso abandonado), eles são obrigados a roubar para sobreviver nas ruas de Salvador, capital baiana.

Como outros livros deste autor, “Capitães de Areia” faz uma denúncia social séria: mesmo tendo sido escrito há mais de 80 anos, a sociedade brasileira contemporânea ainda não encontrou um modo de evitar que crianças “tenham que se virar” para sobreviver nas ruas, longe do pais, sem escola, sem acesso à saúde, ou  à dignidade a que fazem jus. Se você ainda não leu esse livro, deixo aqui o meu convite para que conheça esta história emocionante!

CURIOSIDADE: A obra foi censurada pela ditadura getulista, chamada de “Estado Novo”, (1937-1945). Conhecido por ser filiado ao Partido Comunista, Jorge Amado foi preso ,em 1937, logo após voltar ao Brasil, pouco depois do lançamento do livro “Capitães de Areia, considerado subversivo. Por esse motivo, cerca de 1000 exemplares) foram queimados em praça pública, em Salvador.