Quarta, 18 de dezembro de 2024

Jovens do Barreiro se rendem às Batalhas de MC´s

Rap deu voz à poesia e à arte traduzindo inquietações da juventude barreirense

Crédito foto :: Felipe Vieira/Instituto Macunaíma

Batalhas de MC´s reuniam centenas de jovens na pista de skate do Barreiro

Com mais de 300 mil habitantes e mais antiga que a própria capital, o Barreiro é uma região destacada de Belo Horizonte. Muitos moradores afirmam que a regional, formada por 64 bairros, é quase uma cidade independente, mantendo as tradições e os pontos de encontro muito específicos. Nos últimos cinco anos, coletivos do Barreiro fizeram o RAP dar voz à poesia dos MC´s, traduzindo  as inquietações da juventude barreirense.

Localizada na Praça Cristo Reina, na avenida Afonso Vaz de Melo, a Pista de Skate é o palco da cultura Hip Hop do Barreiro. Os grafites colorem as estruturas, artistas ascendem às rampas e, o RAP toma conta do espaço. Desde 2016, nas noites de quarta-feira, é lá que acontece a “FaráOeste: Batalha Clandestina”, evento com vários MCs (Mestres de Cerimônia) para travarem confrontos de rima improvisada.

Suspensa durante a pandemia, apesar do nome, a “Batalha Clandestina” nada tem de ilegal. O nome do evento foi concebido pelo público a partir de uma comparação com outra batalha de MCs que já acontecia na pista, tida como a “Oficial” e, se uma era a “oficial”, a outra era a “clandestina”.

A produtora cultural Letícia Barbosa, 21 anos, conhecida como Fox, uma das coordenadoras do “Movimenta Barreiro”, coletivo que criou e promove a “Batalha Clandestina”, conta que o evento ocorria paralelamente à Batalha “Oficial”, às quartas-feiras. Mas, que outros eventos semelhantes já agitavam a região, aos sábados, como o organizado pelo coletivo “Cabeça Ativa” que, aos poucos, acabou.

Desde as primeiras edições, um grito marca a abertura da Batalha Clandestina. O apresentador gritava e a plateia respondia: “Toda quarta é nós!’ O grito, segundo Fox, ecoava em todo o bairro. “Pouco antes da pandemia, a Batalha Clandestina chegou a reunir 700 pessoas”, afirma.

Victor Cassiel, 22 anos, morador do Barreiro, acompanhou a evolução do movimento, desde o início. Ele conta que, nas primeiras edições, não havia, sequer, equipamentos de som para os MCs rimarem em cima de alguma batida.”

“Aos poucos, foi aparecendo mais gente. Aí, alguém levava um violão para acompanhar as rimas, depois os organizadores conseguiram arrecadar dinheiro para comprar uma caixa de som e até um microfone”, recordou. Porém, o “Movimenta Barreiro” conseguiu se tornar uma referência na cultura regional, após mobilizar mais recursos e, assim, conseguir premiar os vencedores das batalhas com valores em dinheiro e até kits de roupas, incentivando ainda mais o RAP local.

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